Os adolescentes dos anos 1990 são hoje adultos. Mas alguns continuam a seguir todos os passos da "boys band" e estarão no concerto desta terça-feira, em Lisboa. A Renascença é a rádio oficial.
Para mais tarde recordar: Mariana e Nick Carter. Foto. DR |
Rúben viaja da Irlanda até Lisboa só para os ver. Mónica já andava a vender coisas para conseguir o dinheiro para o comboio que a levará de Ovar à capital. Mariana acompanha todos os passos dos cinco cantores e sonha participar num cruzeiro com eles. Os Backstreet Boys (BSB) foram uma das maiores paixões juvenis dos anos 1990. Muitos esqueceram-nos, mas outros cresceram com a "boys band" e vão vê-los, esta terça-feira, no Campo Pequeno, em Lisboa.
Mariana Sousa, 28 anos, da Guarda, tem um verdadeiro sistema de vigilância montado sobre os passos dos cinco BSB. Segue a banda e os seus membros nas redes sociais. Mas também acompanha os passos das mulheres e dos irmãos. E o fotógrafo oficial do grupo (que coloca a sua localização nas redes sociais), os seguranças e, ufa!, as mulheres dos seguranças.
Mariana, que está desempregada, mudou-se para Oeiras uns dias antes do concerto. "Quero estar aqui de corpo e alma", conta. "É uma paixão. As pessoas, às vezes, não percebem muito bem."
A "paixão" de Mariana vem do 5.º ano de escola, tempos em que as festas tinham como banda sonora BSB, Spice Girls e outras luminárias da pop de massas de então. A "paixão" aumentou em 2009, já muito depois da adolescência. A Internet substituiu as revistas juvenis dos anos 1990: "A Bravo e a Superpop traziam sempre notícias e aqueles posters", recorda.
Como fã oficial dos Backstreet, tem acesso a bónus extra-concertos. Três exemplos: uma festa depois do concerto numa discoteca lisboeta (preços entre os 50 e os 110 euros), acesso aos bastidores (já conseguiu em 2012, em Londres, onde conheceu Nick Carter, o seu membro predilecto) e um cruzeiro com a banda (já houve quatro, mas ainda não conseguiu dinheiro). Os BSB são uma autêntica mini-indústria em que tudo tem um preço.
Loiro de olhos azuis
Os recortes da "Bravo" e da "Superpop" de Mónica Palma, 28 anos, residente em Ovar, estavam guardados numa caixa. Por engano, o pai deitou a caixa ao lixo. "Fiquei a berrar", lembra. "Uma parte" de Mónica estava ali, naqueles recortes, naquelas cassetes VHS com telediscos, espécimes de um sonho adolescente.
Alguns anos depois, o pai ajudou-a a conseguir o almejado bilhete para o concerto desta terça-feira. "Já andava a tentar vender coisas", conta.
"Show Me The Meaning Of Being Lonely", canção dos BSB de 1999, ajudou-a, em 2012, a aguentar uma fase difícil, quando o irmão ficou em coma. "Agarrei-me àquela música. Pensava todos os dias que o meu irmão ia sobreviver."
O episódio acordou uma paixão "adormecida". Em 1998, a avó não a deixou ir ver o grupo a Cascais por causa das notas na escola, pondo em cheque horas e horas a ensaiar coreografias. "Fartei-me de chorar", conta. "Já são quase 20 anos. Eles cresceram comigo. Eles têm famílias, têm filhos, o Nick Carter está quase a casar-se."
"Infelizmente vai-se casar. Se eu não o raptar no concerto", brinca Mariana. Carter é o seu Backstreet Boy favorito (à semelhança da maioria das fãs, garante). Motivos? "A personalidade, a forma de estar e de lidar com os fãs…"
Carla Ramos, de 30 anos, tem razões mais prosaicas para a mesma opção: Nick "é loiro de olhos azuis" e é "o mais novinho". Mas o interesse adolescente já lá vai, "agora é mais a nível musical" – os BSB são a sua banda favorita e vai vê-los ao vivo pela terceira vez.
A advogada de Carnaxide, que agora até ouve rock, lembra-se de ser "gozada" pelos colegas fãs de Nirvana e The Doors. Os BSB representavam o inimigo: a pop.
Rúben Silva, "superfã" confesso, ainda é gozado por gostar dos cinco de Orlando, na Flórida. "A minha relação com os Backstreet Boys começou quando um amigo meu ouvia ‘Quit Playing Games’ e eu gostei do que ouvi. Perguntei-lhe quem é que cantava", conta.
Tinha 15 anos, hoje tem 32. Viaja da Irlanda, onde vive desde Março, até Lisboa para ver o concerto dos BSB com o irmão, de 18 anos. Em Abril, vai voltar a vê-los em Dublin.
O amigo de Rúben que ouvia "Quit Playing Games (with My Heart)" já não quer saber dos Backstreet Boys.
Postado originalmente por Renascença
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